Em Sintra-Portugal, uma escola verdadeiramente inclusiva, sem turmas, sem anos e sem testes (texto corrigido)
Se pudesse, o professor António Quaresma Coelho mandava abaixo as paredes da escola. Não as de fora, nem tão pouco o tecto (já bem basta ter uma sala onde chove no inverno), mas as paredes interiores que dizem que ali, e só ali, é a sala de aula. Se pudesse fazê-lo — e chegou a tirar as portas das salas — paredes era outra das coisas que não existiam na Escola Básica da Várzea de Sintra. Há outras que já desapareceram. Aqui, nesta escola pública, não há turmas, não há anos de escolaridades, nem testes e, se tudo correr bem, qualquer dia também não haverá períodos. O que continua a haver são paredes e muita vontade de deitá-las abaixo.(…)“É fundamental largarmos a ideia de escola do século XIX. A escola da escolástica, da gramática da escola, do ensinar a todos como se fosse um único, do aluno médio de que todos falam, mas que ninguém sabe o que é, de transmitir conteúdos — nem sequer são conhecimentos. Isto faz parte do passado. Funcionou quando tínhamos uma sociedade com altíssimas taxas de analfabetismo e conseguiu acabar com elas. Agora a sociedade é outra. Não podemos continuar com este modelo, não funciona. O sistema educativo tem de ser todo reformulado”, argumenta o professor, que faz parte do conselho pedagógico do agrupamento enquanto coordenador do 1.º ciclo.
Na Várzea de Sintra, há uma escola pública sem turmas, sem anos e sem testes